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24 de ago. de 2015

Desvendada a lei matemática dos anéis de Saturno

Imagem 1: Concepção artística das partículas dos anéis de Saturno. Fonte: Centro do Universo.
Os grandiosos anéis de Saturno são formados por partículas de gelo que variam no tamanho de alguns centímetros a cerca de 10 metros e provavelmente são resultados de um grande impacto cósmico em um passado distante. Mas, no nosso Sistema Solar, Saturno não é o único com essas características. Além dele, Júpiter, Urano e Netuno e alguns asteroides como Chariklo e Chiron também possuem anéis. Certamente, anéis planetários também são encontrados em corpos além do Sistema Solar.
Imagem 2: Ilustração dos anéis de Saturno. Fonte: Solar System.
A abundância de partículas de diferentes tamanhos segue com precisão a lei matemática dos cubos inversos, onde partículas de 2 metros de diâmetro são oito vezes menos abundante que as partículas de 1 metro, a abundância de partículas de 3 metros é 27 vezes menor, e assim sucessivamente. Essa premissa é válida para tamanhos de cerca de 10 metros, para tamanhos maiores existe uma redução abrupta na abundância das partículas.
A forma como as partículas nos anéis se agrupam era um mistério até agora para os cientistas.
Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Leicester estudou a distribuição dos anéis de Saturno e acreditam que a mesma regra seja universal e se aplica a todos os anéis planetários que possuem partículas de natureza similar.
Os cientistas do estudo descobriram que ao longo do tempo as pequenas partículas nos anéis se fundem ao colidirem lentamente formando partículas maiores. as grandes partículas têm maior chance de colidirem em alta velocidade, o que as destruiria em vez de se fundirem, com probabilidade de cerca de 1 em cada 10.000.
Esses constantes choques são responsáveis pela distribuição dos tamanhos das partículas nos anéis. A evidência desse modelo foi apoiada por dados das sondas Cassini e Voyager.

Fonte: IFLScience

20 de ago. de 2015

Betelgeuse: A estrela que explodirá e ficará tão brilhante no céu quanto a lua cheia

Foto por: ESO/L.


Betelgeuse é 890 vezes maior que o nosso sol e os cientistas têm certeza: cedo ou tarde, ela explodirá em uma magnífica supernova


Localizada no ombro direito do “caçador” Órion, da constelação de Órion, uma das mais famosas constelações do nosso céu noturno, a estrela Betelgeuse já tem seu tempo contado. Ainda que com nossa tecnologia avançada não tenhamos muitas informações sobre essa gigante vermelha, os astrônomos já confirmaram a sua “morte”. E ela não terá uma morte serena, isso ocorrerá por meio de um evento que a ciência considera um dos mais extremos da natureza, a chamada supernova.

Betelgeuse é uma supergigante vermelha, uma estrela que começou a vida já muito maior, mais massiva e muito mais luminosa do que o Sol. Enquanto o Sol está apenas se aproximando da meia idade em 4,5 bilhões de anos, Betelgeuse está próxima de morrer com uma idade inferior a 10 milhões de anos. E quando ela finalmente entregar o espírito, ela vai fazê-lo com um enorme estrondo. Um grande “big bang” em sua supernova.

Quando isso acontecer seu tamanho e brilho podem se tornar iguais ao da lua cheia, e ela será facilmente visível até durante o dia por alguns meses ou anos. Depois disso, desaparecerá por completo. Mas ainda não se tem muito a certeza de quando isso irá acontecer.

As estimativas variam de cem mil até um milhão de anos, sendo que a primeira opção é a mais provável. Ainda sabemos pouco sobre Betelgeuse, até mesmo a distância da estrela continua sendo alvo de debates. Acredita-se que ela está a 650 anos-luz da Terra. Isso é longe o bastante para garantir que, quando vier a supernova, não correremos nenhum tipo de risco.

Para ter uma previsão, os astrônomos dependem da análise de uma série de fatores como distância, massa, idade, luminosidade, entre outros.

Se Betelgeuse estivesse no centro de nosso sistema solar, a Terra e todos os planetas rochosos seriam engolidos, e seu diâmetro se estenderia até as proximidades de Júpiter. 

No estágio atual, a gigante provavelmente já exauriu todo o hidrogênio de seu núcleo, principal combustível que acaba transformado em hélio. Agora, o hélio está sendo convertido em carbono, processo que libera uma imensa quantidade de energia e provoca grande perda de massa.

Daqui a provavelmente cem mil anos, quando o hélio se esgotar, elementos cada vez mais pesados serão fundidos em um espaço de tempo cada vez mais curto. A morte chega junto com a fusão do silício em ferro, que rouba a energia que a estrela precisa para se sustentar.

O núcleo entra em colapso, esquenta e explode em uma magnífica supernova dando um fim a Betelgeuse. A bolha de partículas do Sol que protege todo o sistema solar, chamada de heliosfera, deve nos proteger do impacto, nos deixando seguros. De hoje até lá, inclusive, a Via Láctea provavelmente terá sido palco de umas mil supernovas - a média galáctica é de mais ou menos uma explosão por século, e a última foi observada pelo astrônomo Johannes Kepler em 1604.

Então da próxima vez que você olhar para o céu e encontrar Órion ou as Três Marias, preste bastante atenção na estrela vermelha brilhando um pouco acima delas. Imagine que, talvez, daqui a cem mil anos, aquele pequeno pontinho vermelho visto por você, estará do tamanho da lua cheia. Um tanto interessante, não é mesmo?

Veja uma simulação do evento visto da Terra:








6 de jul. de 2015

A primeira Jornada de Astronomia GEDAI

A primeira edição da Jornada de Astronomia GEDAI aconteceu em Timóteo, no teatro da Fundação APERAM, nos dias 26 e 27 de junho, e contou com a presença de vários palestrantes de diversas áreas, que vieram compartilhar conosco um pouco de suas experiências, nos permitindo um novo olhar para a astronomia, envolvendo pesquisa, ensino e astronomia amadora.

Não pôde comparecer? A gente traz um resumo do que aconteceu...

Os Profs. Leonardo Gabriel e Weber Feu, do CEFET-MG

A abertura da Jornada foi feita pelos professores Leonardo Gabriel e Weber Feu, idealizadores e coordenadores do evento, que contaram um pouco da trajetória e perspectiva dos projetos de extensão universitária GEDAI e Astronomia no Vale do Aço. O GEDAI é a iniciativa intercampi de estudo de astronomia, que pretende abranger todas as unidades do CEFET em Minas Gerais. O Astronomia no Vale do Aço é o programa de extensão pioneiro em estudo e difusão da astronomia. Por ser o primeiro grupo do tipo na instituição, foi o anfitrião da primeira jornada.
Leonardo Gabriel e o GEDAI
Weber Feu e o Astronomia no Vale do Aço

O professor Sidney Maia falou em seguida, e abordou um assunto muito importante e interessante: o ensino de astronomia na Educação Básica, mostrando diversas possibilidades de atuação do professor. Sidão também comentou sobre como começar um projeto de astronomia e deu orientações para quem quer se iniciar nos estudos do céu e do universo.
Prof. Sidney Maia

O professor Leonardo Lacerda deu sequência às palestras, mostrando os vários passos necessários para se planejar e executar um projeto científico e dando orientações sobre os passos básicos para se ter uma iniciativa de sucesso. Sua palestra certamente contribuiu muito para uma visão mais abrangente e objetiva dos processos envolvidos em idealizar, implementar e perpetuar um projeto, seja ele em astronomia ou qualquer outra área.
Prof. Leonardo Lacerda

Ao final do primeiro ciclo de palestras, ainda na sexta-feira, o professor Leonardo Gabriel voltou ao palco e falou um pouco sobre os primeiros passos na astronomia de observação, um tema muito interessante para iniciantes e também para os com um pouco mais de experiência na observação do céu.
Prof. Leonardo Gabriel

Para fechar o primeiro dia da Jornada GEDAI, o céu, que ficou nublado o dia inteiro, resolveu dar uma trégua e se abrir para a observação marcada no campinho de futebol do CEFET-Timóteo. O momento foi muito divertido e especial, e tornou possível colocar em prática um pouco do aprendizado do dia. Os (incansáveis) monitores do Astronomia no Vale do Aço mostraram vários objetos celestes, dentre eles os planetas Vênus, Júpiter e Saturno, a Lua, que estava linda e quase cheia, além de outras coisas interessantes, como aglomerados estelares, estrelas duplas e várias constelações que estão visíveis nessa época do ano. A turma da astrofotografia também aproveitou para aquecer os motores, e tirou fotos de Saturno, utilizando um dos telescópios do Astronomia no Vale do Aço.
Teatro da Fundação Aperam Acesita, Vênus e Júpiter brilhando no céu ao fundo.


Todo mundo de olho no céu e Dobby, o telescópio dobsoniano de 200mm 
do Astronomia no Vale do Aço


De olho no céu e nas cartas celestes. Mais um aprendizado da Jornada!
Momento de astrofotografia

O segundo dia da Jornada começou com os professores Renata Colombari e Juciano Almeida, da Escola Municipal Zélia Duarte Passos, que falaram sobre a experiência de criar um clube de astronomia na escola, e nos mostraram como pequenas ações podem fazer a diferença na vida de crianças e jovens. O estudo de caso apresentado pelos professores mostrou que muitas vezes as crianças e jovens perdem a perspectiva de vida pela falta de oportunidades, e que uma pequena iniciativa, um clube de astronomia na escola, por exemplo, pode ser a centelha necessária para ampliar seus horizontes e lhes permitir o vislumbre de um futuro melhor.
 Juciano Almeida e Renata Colombari

Na sequência, os professores Leonardo Gabriel e Weber Feu falaram um pouco sobre suas experiências na Jornada de Foguetes e no Space Camp, dois eventos derivados da Mostra Brasileira de Foguetes - MOBFOG e da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, a OBA.
Leonardo Gabriel e o relato emocionado
Weber Feu e o Space Camp Experience

O professor do CEFET-Contagem, Gustavo Henrique, doutor em astrofísica pela UFMG, também compartilhou seus conhecimentos conosco, falando sobre o Sistema Solar, suas características, o que já descobrimos e o que ainda precisa ser mais profundamente estudado.
Prof. Gustavo Henrique

Fechando com chave de ouro a Jornada, tivemos a presença do professor e astrônomo amador (do verbo amar) João Ribeiro de Barros, do Observatório SONEAR, em Oliveira. Ele falou um pouco de sua trajetória de vida, como foi construir um observatório, como é sua pesquisa em Asteroides próximos à Terra (NEO na sigla em inglês) e as descobertas dos três cometas e 13 NEOs.
João de Barros e o relato emocionante de sua trajetória até a conquista do SONEAR
Turma presente no segundo dia da Jornada e a foto de "até a próxima"!

Pensa que terminou?

No sábado à tarde, depois de finalizada a Jornada, os GEDAIs e a turma do Astronomia no Vale do Aço dirigiram-se para o CEFET-Timóteo, onde participaram de um curso intensivo de astrofotografia com o aluno do CEFET-Belo Horizonte, Daniel Vitor.

O aluno Daniel Vitor, compartilhando seus conhecimentos com a turma 
do GEDAI e do Astronomia no Vale do Aço

Daniel apresentou várias montagens de câmeras e webcams em um telescópio, técnicas de captação de imagem e programas apropriados para tratamento. Rolou também um bate papo super legal sobre possibilidades na astrofotografia, discussão sobre os melhores equipamentos e, de bônus, tratou “ao vivo” as imagens de Saturno que foram capturadas na sessão de observação de sexta-feira. 
Foto capturada pelos alunos do Astronomia no Vale do Aço, sob orientação do Daniel.
O tratamento da foto foi feito durante o workshop que ele o realizou para os GEDAIs e
para a turma do Astronomia.

A Jornada, em resumo, foi um combinado de ótimos momentos, muito aprendizado, intercâmbio de experiências, e o começo de novas parcerias, que têm tudo para ser extremamente frutuosas, viabilizando a expansão do ensino de astronomia aqui no Vale do Aço e por todo o estado, onde novos  grupos de estudo e divulgação de astronomia começam a surgir.

Os planos para as próximas Jornadas já estão acontecendo. Ninguém por aqui se cansa da ideia de oferecer sempre um novo olhar para o céu! :)

O evento contou com patrocínio da Fundação CEFET-Minas, apoio da Fundação Aperam Acesita e do CEFET-MG, e teve coordenação geral dos professores Weber Feu e Leonardo Gabriel, produção coordenada pelo professor Weber Feu, pela colabora voluntária Ludmila Deslandes e as alunas voluntárias Loraine Duarte, Nathésia Guerra e Tamires Lelis. As fotos foram tiradas pelo colaborador voluntário do Astronomia no Vale do Aço, Warley de Souza.

O Astronomia no Vale do Aço agradece IMENSAMENTE a todos que participaram e trabalharam para que a Jornada de Astronomia GEDAI acontecesse e fosse um sucesso!

Para ver todas as fotos, acesse: Flick do Astronomia

Esperamos vê-los em breve!

26 de jun. de 2015

Por que o interior da Terra é quente?

Por que o interior da Terra é quente?

Recentemente discutimos essa questão no Grupo de Estudos do Astronomia do Vale do Aço. Hoje o portal UOL Ciência publicou essa matéria super legal e muito esclarecedora, e corremos para compartilhá-la aqui com vocês. 

O texto é da Tatiana Pronin, do UOL em São Paulo. 

Diego Paredes/Parque Nacional Galápagos/EFE
No passado geológico, nosso planeta era muito quente. Pesquisas indicam que ele se originou há cerca de 4,6 bilhões de anos, após uma grande explosão. Com o passar do tempo, houve um resfriamento lento e gradual, mas o interior da Terra, rico em ferro e níquel, ainda guarda bastante calor.
"A radioatividade, ou seja, a emissão espontânea de partículas radioativas pela desintegração de isótopos que existem em minerais e rochas do interior da Terra, também explica o calor no interior do planeta", afirma Alexandre Uhlein, professor e pesquisador do departamento de geologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Quanto mais profunda a camada, mais quente fica o interior da Terra, o que constitui um gradiente geotérmico. "Nas primeiras centenas de quilômetros, a temperatura aumenta cerca de 30 ou 40 graus centígrados. Porém, a partir de uma certa profundidade, essa variação muda, com grande redução nessa taxa de profundidade, pois entra em ação o fator pressão", continua o professor e pesquisador Norberto Sgarbi, também do departamento de geologia da UFMG.

Até 6.000 graus

Os especialistas estimam que o núcleo da Terra tenha 5.000 graus centígrados, ou seja, é muito quente. Mas, em uma pesquisa recente, publicada na revista Science, pesquisadores do Laboratório Europeu de Radiação Síncroton (ESRF, na sigla em inglês) defenderam que a estimativa mais precisa é de 6.000 graus.
A verdade é que nenhuma sonda até hoje conseguiu alcançar o núcleo do planeta, que fica a milhares de quilômetros do solo. O que a equipe do ESRF fez foi utilizar um feixe de raios-X para analisar uma amostra. De qualquer forma, ainda são necessárias confirmações até que o novo valor - 1.000 graus superior ao atual - seja utilizado como referência.

Resfriamento

Existe risco de que o interior da Terra resfrie com o passar do tempo? "Não existe risco, mas certeza desse resfriamento", responde Sgarbi. Como as rochas que cobrem o interior não são boas condutoras de calor, no entanto, isso só deve ocorrer de forma gradual, dentro de bilhões de anos.
Quando o resfriamento total ocorrer, o provável é que o campo magnético que protege a Terra diminua muito ou se encerre, e a radiação solar acabe com a nossa atmosfera, ou torne muito difícil viver nela. Portanto é bom que o processo seja bem lento, mesmo.

Veja, a seguir, as camadas que compõem o interior da Terra:


Crosta - a camada mais externa é subdividida em continental e oceânica. A primeira é rica em silício e alumínio. As rochas principais são o granito e também há potássio, urânio e tório. As espessuras são de 25 a 70 km. Já a crosta oceânica é rica em sílica e magnésio. Suas rochas principais são os basaltos, e as espessuras são de 7 a 10 km.


Manto - é a camada mais espessa, com 2.885 km. Os principais minerais são a olivina magnesiana e os piroxênios, além de granadas e espinélio.



Núcleo - é subdividido em externo e interno. O externo é uma camada líquida, constituída por metais fundidos como ferro e níquel. Já o interno é formado por ligas metálicas sólidas, também de ferro e níquel. Juntas, as camadas alcançam a espessura de 1.271 km. 

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Publicado originalmente em: UOL Ciência, 23/06/2015

22 de jun. de 2015

Tem como descobrir a massa da Via Láctea?

Com uma pesquisa rápida no google, é possível encontrar as principais características de inúmeros corpos celestes já identificados. De planetas a galáxias os atributos que normalmente ganham destaque são idade, massa, dimensão… Mas para a Via Láctea é um pouco diferente. O peso da nossa galáxia era muito contestado e só havia sido calculado dentro de um fator de quatro – ou seja, o seu peso máximo estimado é de quatro vezes o seu peso mínimo estimado, com grande incerteza.

Concepção artística da Via Láctea.

Observando o efeito que um objeto tem sobre outros ao seu redor, conseguimos calcular sua massa. Para as estrelas e planetas, usamos a Lei da Gravitação Universal de Newton: 
"Dois corpos atraem-se com força proporcional às suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância que separa seus centros de gravidade." 

Já para a Via Láctea o cálculo para mensurar a massa não é assim tão simples. A nossa galáxia contém cerca de 100 bilhões de estrelas que formam um disco, com diâmetro entre 100 mil e 200 mil anos-luz.

Felizmente, cientistas da Universidade de Columbia conseguiram estimar a massa da nossa galáxia. Uma técnica publicada no The Astrophysical Journal revelou como descobrir a massa da nossa galáxia num passado distante. 

Eles usaram o conceito gravitacional que quanto maior a massa de um objeto, maior é a sua força gravitacional. Um exemplo claro é o sistema Terra e Lua. A massa do nosso planeta é cerca de 81 vezes maior que a massa da Lua, por isso a Terra aprisionou o corpo celeste em sua órbita. De forma análoga, a Via Láctea interfere nas órbitas dos satélites e estrelas que estão fora do seu disco.

Essas estrelas são originadas da dissolução de aglomerados globulares, nascido quando o universo ainda estava em sua infância. Elas podem determinar não só o peso da Via Láctea, mas também a localização do Sol no seu interior. Ao longo de bilhões de anos essas estrelas desintegram-se lentamente e deixam um rastro para trás.

Hemisfério Norte observado pelo Sloan Digital Sky Survey. É possível observar os filamentos de alguns aglomerados globulares:


Com dados da Sloan Digital Sky Survey (pesquisa resultada de 10 anos de avaliação do céu no Hemisfério Norte, que apresenta os mais detalhados mapas tridimensionais do Universo), a equipe examinou um rastro deixado pelo aglomerado Palomar 5. Os cientistas da universidade de Columbia criaram milhões de modelos para representar a interação desse rastro com a Via Láctea. Com base nos dados, a equipe observou que somente dentro de um certo tamanho e peso a Via Láctea poderia produzir o rastro do Palomar 5. Modelos menores ou maiores produziram padrões diferentes.

O estudo mostrou que a massa da nossa galáxia é equivalente a 210 bilhões de vezes a massa do Sol, com incerteza de apenas 20 por cento.

No futuro, os pesquisadores pretendem usar mais estruturas como o fluxo do Palomar 5 para ganhar uma precisão ainda maior e criar um modelo mais realista da Via Láctea. Estudos como esse são fundamentais para descobrirmos sobre a formação e composição da nossa galáxia.

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 Fonte: IFLScienceNASASoFisicaZenite.



20 de mai. de 2015

Estrela anã poluída poderia ser a chave da origem da água na Terra

     Crédito da foto: Vista do artista de uma posição de uma estrela anã branca. ESA / Hubble, CC BY.

Os astrônomos descobriram uma estrela anã branca com uma atmosfera poluída que pode dar uma “luz” sobre de onde a água da Terra vem e quanta água existe fora do nosso próprio sistema solar.

Uma questão importante em ciência planetária é se a água na Terra já estava presente no material primordial que formou o nosso planeta ou se foi plantada aqui por colisões com organismos como asteroides, cometas e protoplanetas.


Oxigênio na atmosfera

Nova pesquisa feita por uma equipe de astrônomos britânicos e alemães sugere que a entrega de água por colisão pode ser comum em outros sistemas estelares fora do nosso sistema solar. Eles chegaram a essa conclusão através da medição da composição química da atmosfera de uma estrela anã branca, apelidada SDSS J1242.

As anãs brancas são essencialmente cadáveres de ex-estrelas. A maioria dos sóis de baixo ou médio porte vão se tornar anãs brancas no final de sua vida útil. A forte gravidade de superfície dentro dessas estrelas faz com que elementos mais pesados, como carbono e oxigênio, ao afundar-se a seus centros, deixem atmosferas simples de hidrogênio e hélio.

A atmosfera da SDSS J1242 é dominada por hélio, mas os pesquisadores também descobriram grandes quantidades de oxigênio e hidrogênio, juntamente com formadores de rocha, elementos como magnésio, silício e ferro.

                                                                                                               Crédito da foto: ESA

Principais candidatos

Os cometas são conhecidos por conter água e, por algum tempo, pareciam ser os candidatos mais promissores para a transferência de água para a Terra. No entanto, um corpo crescente de medições tem sugerido que a água encontrada em cometas é de uma espécie diferente da encontrada na Terra. Isto é porque a água dos cometas contém mais deutério - um isótopo pesado do hidrogênio - que a água na Terra.



                                    Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Possui o tipo errado de água. Crédito: ESA


A detentora do recorde até então era a água encontrada no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, medida pela sonda Rosetta, em 2014, que tem um nível de deutério 3,4 vezes maior que a da água na Terra. Os pesquisadores, portanto, agora depositam suas esperanças em asteroides. Enquanto eles hoje são objetos secos, áridos, possuem uma química semelhante a da terra e podem ter contido muito mais água quando o sistema solar se formou.

A descoberta de água doada pelo asteroide anã branca SDSS J1242 apareceu para acrescentar peso à hipótese. Mas, como os autores deste estudo enfatizam, se a quantidade de carbono no J1242 acaba por ser o mesmo que o do nosso sol, todo o oxigênio detectado poderia ter sido entregue na forma de dióxido de carbono em vez de água. Enquanto os autores argumentam que isso é improvável, observações de maior qualidade em comprimentos de onda ópticos e ultravioletas poderiam fornecer uma resposta definitiva.

Observações futuras de outros sistemas planetários e estudo mais detalhado das anãs brancas poluídas serão importantes para estabelecer o papel dos asteroides como uma fonte de água e talvez a vida, na Terra e em outros mundos.


Fonte: IFL Science


6 de mai. de 2015

Descobertos dois novos exoplanetas mais pesados do que a Terra

Exoplanetas
BJ Fulton e Karen Teramura, Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí
Dois novos exoplanetas mais pesados do que a Terra foram descobertos orbitando uma estrela próxima ao nosso planeta, chamada HD 7924.
As Super-Terras foram apelidadas de HD 7924c e HD 7924d, e possuem massas cerca de 7,9 e 6,4 vezes maiores do que a Terra, respectivamente, de acordo com pesquisadores. Outra Super-Terra, chamada HD 7924b, já havia sido descoberta em 2009. HD 7924b,HD 7924c e HD 7924d completam suas órbitas em 5, 15 e 24 dias, e orbitam sua estrela a uma distância menor do que a entre Mercúrio e o Sol.
“Os três planetas são diferentes de tudo em nosso sistema solar, com massas de sete a oito vezes maiores do que a massa da Terra e órbitas que os levam muito próximos de sua estrela-mãe", disse Lauren Weiss, coautor do estudo e estudante de graduação na Universidade da Califórnia, em comunicado.
O time de pesquisadores descobriu os novos planetas utilizando três telescópios diferentes – oAutomated Planet Finder (APF), o Keck Observatory e o Automatic Photometric Telescope (APT). Com as informações dos três aparelhos, a equipe detectou oscilações na estrela HD 7924, causadas pela atração gravitacional entre os dois planetas.
Segundo os pesquisadores, toda a observação feita pelo APF foi robotizada. "Nós inicialmente utilizamos o APF como um telescópio regular, que fica a noite toda rastreando estrela por estrela. Mas a ideia de deixar um computador tomar o turno da noite era mais atraente depois de meses de pouco sono. Então nós desenvolvemos um software para nos substituir com um robô”, disse BJ Fulton, estudante de graduação da Universidade do Havaí.
As observações do APF, do APT e do Keck Observatory foram úteis para descartar outras explicações. "Manchas estelares, como manchas solares no sol, podem momentaneamente imitar os sinais de pequenos planetas. Observações repetidas ao longo de muitos anos nos permitiram diferenciar os sinais de manchas estelares dos sinais desses novos planetas”, disse Evan Sinukoff, estudante graduado da Universidade do Havaí que contribuiu para a descoberta.

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Reproduzido integralmente de info.abril.com.br. Texto de Karen Carneti.

23 de abr. de 2015

As geleiras de Marte

O Planeta vermelho passou de um planeta úmido e supostamente semelhante à Terra para um deserto frio e seco atualmente. | Foto: NASA
Marte tem milhares de geleiras enterradas sob sua superfície, que somariam água congelada suficiente para cobrir o planeta com uma capa de gelo de 1,1 metro de espessura. Segundo os cientistas, que divulgaram o dado nesta quarta-feira, os glaciais estão em duas faixas nas latitudes centrais dos hemisférios norte e sul.

A informação de radar, recolhida pelos satélites que orbitam o planeta, combinada com modelos de computadores de fluxos de gelo, mostra que Marte tem 150 bilhões de metros cúbicos de água congelada, segundo um estudo publicado na edição desta semana da revista Geophysical Research Letter.

- O gelo nas latitudes médias é, portanto, uma parte importante das reservas de água de Marte - disse a pesquisadora do Instituto Neils Bohr, Nanna Bjornholt Karlsson, da Universidade de Copenhague, em comunicado.

Os cientistas têm tentado descobrir como Marte passou de um planeta úmido e supostamente semelhante à Terra nos seus primeiros estágios para um deserto frio e seco atualmente.

Bilhões de anos atrás, Marte, que não tem um campo magnético protetor global, perdeu grande parte de sua atmosfera. Há várias iniciativas para determinar a quantidade de água do planeta que desapareceu e quanto continua na forma de gelo nas reservas subterrâneas.

Cientistas suspeitam que os glaciares permaneceram intactos porque estão protegidos sob uma grossa capa de poeira.

Além da evidência de leitos de rios, córregos e minerais, os cientistas que estudavam reveladoras moléculas na atmosfera de Marte no mês passado concluíram que o planeta provavelmente teve um oceano de mais de 1,5 quilômetro de profundidade que cobria quase a metade do seu hemisfério norte.

Marte perdeu 87% dessa água, disseram os cientistas. Atualmente, a maior reserva conhecida de água do planeta está nas suas capas polares.

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[Publicado originalmente em O Globo]

20 de fev. de 2015

Já pensou em como é o 'lado oculto' da Lua?

Existe um lado da Lua que nunca é visível do planeta Terra. Conseguimos ver apenas um hemisfério devido à rotação sincronizada do satélite e o planeta. O tempo que a Lua leva para completar sua rotação é o mesmo que ela leva para dar uma volta ao redor do nosso planeta. Tornando impossível a visão dessa aréa pela superfície terreste.

Na busca de informações do lado oculto do nosso satélite natural, a Nasa realizou um mapeamento com o auxílio da espaçonave-robô Lunar Reconnaissance Orbiter (Orbitador de Reconhecimento Lunar) e recentemente divulgou um vídeo com as imagens coletadas em uma animação. Veja por si mesmo o lado oculto da Lua. 



O lado oculto da Lua abriga um número muito maior de crateras que o lado visível pela Terra, entre elas esta a bacia do Polo Sul-Aitken, uma das maiores crateras de impacto no Sistema Solar. Esta depressão tem cerca de 2.200 km de diâmetro e 13 km de profundidade. Essas crateras são formadas pela proteção que o satélite dá ao planeta, agindo como um escudo contra objetos vindos em direção à Terra. 

E ao contrário do que muita gente imaginava, o lado oculto da Lua, também popularmente conhecido como  "lado escuro da Lua" recebe muita incidência de luz, pois não sofre interferência de eclipses.




Fonte: Exame

28 de jan. de 2015

Exoplaneta com anéis gigantes 200 vezes maiores que os de Saturno descoberto!


Um exoplaneta jovem chamado J1407b tem um sistema de anéis gigantesco, muito mais pesado e cerca de 200 vezes maior que os anéis de Saturno. Os astrônomos descobriram o enorme planeta, ou possivelmente uma anã marrom (ou seja, uma estrela que não deu certo) quando ele eclipsou uma estrela muito jovem e parecida com nosso Sol chamada J1407. O sistema de anéis - o primeiro deste tipo a ser descoberto fora da Via Láctea - tem pelo menos 30 anéis, cada um deles medindo dezenas de milhões de quilômetros de diâmetro.

"Você pode pensar nele como um tipo de super-Saturno", disse Erick Mamajek, da Universidade de Rochester em um release para a imprensa. A equipe de Mamajek descobriu a estrela e seus eclipses incomuns em 2012, usando informação obtida em uma pesquisa feita para detectar gigantes de gás se movendo em frente de sua estrela-mãe. Depois, usando óptica adaptativa e espectroscopia Doppler, uma equipe liderada por Matthew Kenworthy, do Observatório de Leiden, na Holanda, descobriu que o escurecimento frequente na luminosidade de J1407 era causado por um planeta gigante, com um enorme sistema de anéis. As descobertas serão publicadas no The Astrophysical Journal.

Aqui está a concepção artística do sistema de anéis extrasolares que rodeiam J1407b e Saturno e seus anéis, em escala para comparação. O pequeno pontinho na parte de cima, à direita no quadrante, é Saturno! Os anéis são mostrados eclipsando a estrela J1407, como eles teriam aparecido no começo de 2007:




"Os detalhes que vemos na curva de luz são incríveis. O eclipse durou por várias semanas, mas é possível notar rápidas mudanças em escala de tempo de dezenas de minutos, como resultado das estruturas finas dos anéis", explica Kenworthy. Apesar de a estrela está longe demais para que os pesquisadores possam observar os anéis diretamente, a equipe pode elaborar um modelo usando rápidas variações na luminosidade da estrela ao passar pelos anéis.

Baseado na curva de luz¹, o diâmetro do sistema de anéis foi de cerca de 120 milhões de quilômetros e contém aproximadamente o valor de uma Terra de massa em suas partículas de poeira que obscurecem a luz. Os anéis bloquearam cerca de 95% da luz de J1407 por dias - o que significa que existe muito material para formação de satélites. Os pesquisadores já encontraram pelo menos uma lacuna limpa na estrutura do anel, que acreditam foi esculpida pela formação de um satélite (ou exolua) com uma massa entre a da Terra e de Marte, e um período orbital de cerca de dois anos em torno de J1407b.

Os anéis vão provavelmente se tornar menos densos ao longo dos próximos muitos milhões de anos, acabando por desaparecer como satélites. Júpiter e Saturno, quando era muito jovens, podem ter tido discos ao redor deles que levaram à formação de suas luas. "Até descobrirmos esse objeto em 2012, não havíamos encontrado nada que tivesse um sistema de anéis como esse", explica Mamajek. Esse é o primeiro vislumbre de formação de satélites em escala de milhões de quilômetros ao redor de um objeto subestelar".

O período orbital de J1207b ao redor de sua estrela é de aproximadamente uma década, e sua massa pode chegar a cerca de 40 vezes a massa de Júpiter. "Se pudéssemos substituir os anéis de Saturno pelos anéis ao redor de J1407b, eles seriam facilmente visíveis no céu noturno, muito maiores que uma lua cheia", explica Kenworthy. Nós seríamos capazes de vê-los ao entardecer, a olho nu, e capturá-los em fotos até mesmo com a câmera de um celular. Só por diversão, aqui está como os anéis de J1407, se colocador ao redor de Saturno, apareceriam no céu sobre o Velho Observatório em Leiden. :)




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¹ Na astronomia, curva de luz é o gráfico da intensidade de uma certa onda eletromagnética de um objeto celeste, com o passar do tempo. Curvas de luz podem ser periódicas, tais como em binárias eclipsantes, ou aperiódica, como em uma nova. O estudo da curva de luz, em conjunto com outras observações, pode revelar informações consideráveis sobre processos físicos que produzem tal curva. 
(S. V. H. Haugan Separating intrinsic and microlensing variability using parallax measurements. Ago, 1995)

Crédito imagens: Ron Miller (1 e 2), M. Kenworthy/Leiden (3) via Eurekalert!
Texto originalmente publicado no site I Fucking Love Science em 27/01/15. 
Todos os direitos reservados ao autor.
Tradução: Ludmila Deslandes/Astronomia no Vale do Aço
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