No último dia 06/12, o Astronomia no Vale do Aço, grupo do CEFET-MG Campus Timóteo, teve sua última reunião de 2016.
Com a presença de aproximadamente 10 membros, foi realizada uma sessão de observação com o novo telescópio dobsoniano de 254mm de abertura do Astronomia, batizado de "Duília", em homenagem à astrônoma e astrofísica brasileira Duília de Mello.
Foi possível realizar observações de Vênus e da Lua. Esta última, na fase crescente, rendeu belas imagens aos olhos e às lentes também:
Nos dias 14, 15 e 16 de junho, o Astronomia no Vale do Aço, em parceria com o Parque da Ciência, da Prefeitura Municipal de Ipatinga, participou do evento "Astronomia no Parque".
O evento contou com observações astronômicas dos planetas Júpiter, Saturno e Marte, além de observação da Lua, em quatro telescópios distribuídos no pátio do Parque da Ciência, anexo do Parque Ipanema, em Ipatinga. As sessões de observação contaram com a presença de alunos de escolas da região e pessoas da comunidade em geral.
Os alunos visitantes também participaram de palestras e oficinas ministradas pelos professores do CEFET-MG Leonardo Gabriel e Sidney Maia, do campus de Belo Horizonte, e Weber Feu, do campus de Timóteo.
Abaixo algumas fotos do evento, capturadas por Warley Souza, monitor do Astronomia do Vale do Aço.
Em 28 de janeiro último, foram completados trinta anos do acidente com o ônibus espacial Challenger. A tragédia vitimou todos os sete tripulantes a bordo, sendo um deles o físico e astronauta Ronald McNair, que seria a primeira pessoa a gravar uma peça musical no Espaço. O solo de saxofone foi composto por McNair em conjunto com o músico francês Jean-Michel Jarre, um dos pioneiros da Música Eletrônica e amigo pessoal de Ron.
Ronald Erwin McNair - o físico e astronauta estadunidense seria o pioneiro na execução de uma peça musical no Espaço (Via: Wikimedia Commons)
O Acidente
O ônibus espacial Challenger explodiu apenas 73 segundos após o lançamento, no dia 28 de janeiro de 1986. A causa foi identificada como uma falha em um anel de vedação de um dos tanques de combustível sólido da nave, o que causou um incêndio seguido de explosão. Na ocasião, seria a décima missão do Challenger e a 29ª do programa norte-americano de ônibus espaciais, e foi o primeiro acidente fatal em voo de uma missão tripulada do programa.
Saxofone de Ron McNair, sintetizadores de Jean-Michel Jarre e o álbum “Rendez-Vous”
O disco Rendez-Vous (expressão em francês que significa algo como “grande encontro”), mais um dos empreendimentos da vanguarda sonora de Jarre, foi lançado três meses depois do acidente, em abril de 1986. O álbum obteve grande êxito comercial no mundo todo, principalmente no Brasil, onde alcançou recordes de vendagem. Coisa rara para nosso cenário musical dos anos 80, onde temas instrumentais e música eletrônica não eram figuras muito presentes no meio popular. A animada faixa “Rendez-Vous IV” foi exaustivamente utilizada como vinheta de programas de TV e em rádios, se tornando de longe a mais popular do disco e também uma das mais conhecidas do artista em todo o mundo.
O disco todo é uma viagem sonora de constante metamorfose e progressão sonora, e tem um tom de homenagem não apenas aos astronautas que faleceram no Challenger, mas também a todos os heróis da exploração espacial (humanos ou máquinas, popularmente lembrados ou não).
A faixa que diz respeito ao incidente com o ônibus espacial é a última do disco, denominada “Rendez-Vous VI”, também nomeada como “Ron’s Piece” (em português, “A Peça de Ron”) ou ainda “Last Rendez-Vous”. A composição para sax foi executada em estúdio pelo músico Pierre Gossez.
Rendez-Vous - capa frontal. Arte surrealista, como já era tradição de outras capas de discos do Jarre. (Via jeanmicheljarre.com)
O clima melancólico de Rendez-Vous VI se dá pelo início lento, com sons que lembram um movimento de céu estrelado, com as batidas de um coração aparecendo logo em seguida. Juntamente com o solo de sax, Jarre insere uma camada de um timbre suave de sintetizador, adicionando uma textura onírica ao som. Tudo é pontuado pela cadência tranquila dos batimentos cardíacos ao fundo. Assim segue a música em seus seis minutos de duração, até que as outras camadas sonoras vão se esvaindo lentamente para que o último batimento cardíaco encerre a obra.
Ouça aqui a faixa Rendez-Vous VI
No verso do disco, além de agradecimentos especiais a alguns astronautas e funcionários da NASA que apoiaram o projeto, lê-se dois parágrafos com dedicatórias, abaixo traduzidos:
“Esse
disco é dedicado a Ron McNair e aos outros seis astronautas que
morreram a bordo do ônibus espacial Challenger no dia 28 de janeiro de
1986.”
“A
PEÇA DE RON: essa peça foi especialmente composta para Ron tocá-la em
seu saxofone a bordo do ônibus espacial e se tornar a primeira peça
musical a ser executada e gravada no espaço. Ron estava tão animado
quanto a essa peça que ensaiou até o último momento. Que a memória do
meu amigo, astronauta e artista Ron McNair viva através dessa peça.”
Verso da capa do Rendez-Vous. Clique para ampliar e ler os textos originais (no fim da coluna esquerda). (Via lpcover.wordpress.com)
Comentários do autor: como grande fã da música de Jean-Michel Jarre e música eletrônica em geral, esse álbum certamente está presente na lista dos meus preferidos do gênero. A sonoridade extremamente desenvolvida e imersiva, que está presente no disco todo, aliado a todos os significados por trás das composições, fazem desse disco uma verdadeira obra-prima. As suítes Rendez-Vous II, extremamente sinfônica; e Rendez-Vous V, representação máxima de uma contínua metamorfose sonora, contam incríveis histórias em nossas mentes, mesmo sem pronunciar uma só palavra. Audição obrigatória para os fãs do estilo e do artista.
“Rendez-Vous Houston” - um concerto-tributo
Houston é uma cidade texana famosa por sediar o Centro Espacial Lyndon Johnson, núcleo da NASA responsável por controlar missões de exploração espacial tripuladas, como as missões Apollo e mais recentemente as demandas relativas à Estação Espacial Internacional (ISS).
A cidade também foi palco de um histórico concerto de Jarre, também em abril de 1986, denominado Rendez-Vous Houston. O evento causou muita comoção na população local, principalmente pelo seu propósito de tributo aos tripulantes do Challenger, com uma emocionante performance da faixa Ron’s Piece. A apresentação possui registro no Livro dos Recordes, com 1.5 milhão de espectadores estimados na ocasião.
Vista parcial da cidade de Houston durante o concerto “Rendez-Vous Houston”, com a megalomaníaca estrutura pirotécnica, canhões de luzes, lasers e telões de projeção - artefatos tradicionais e obrigatórios nos concertos de Jean-Michel Jarre pelo mundo. (Via jeanmicheljarre.com)
Curiosidade: essa não foi a única vez onde Jarre fez referências ao universo da astronomia em obras suas. Seu álbum Metamorphoses, lançado em 2000, também traz uma faixa com o tema. “Hey Gagarin” faz uma homenagem a Yuri Gagarin, cosmonauta pioneiro em orbitar a Terra. Talvez detalharemos essa e outras referências em um futuro próximo!