Da Revista Pesquisa FAPESP
CAROLYN PORCO E CICLOPS / NASA/JPL-CALTECH/SSI |
Em dezembro do ano passado, astrônomos voltaram os telescópios para Saturno em busca de algo diferente dos marcantes anéis. Uma mancha branca surgiu no hemisfério norte do planeta, uma nuvem que se espichou para leste até, dois meses depois, praticamente circundar Saturno. O fenômeno é conhecido como Grande Ponto Branco (Great White Spot, ou GWS) e são observados a cada ano saturniano, que corresponde aproximadamente a 30 anos dos nossos.
Essa pouca frequência faz com que apenas cinco GWS tenham sido registrados nos últimos 130 anos, e que sua origem seja pouco conhecida.
Essa pouca frequência faz com que apenas cinco GWS tenham sido registrados nos últimos 130 anos, e que sua origem seja pouco conhecida.
Dois artigos publicados na Nature desta semana (7 de julho) reduzem esse desconhecimento, reunindo os esforços de astrônomos profissionais e amadores. Entre estes últimos, o brasileiro Fabio Carvalho.
Os resultados apresentados pelos dois trabalhos mostram grande atividade na nuvem branca. São fortes tempestades, com descargas elétricas praticamente constantes, alimentadas por calor e umidade que sobem das camadas mais baixas da atmosfera de Saturno. O artigo de que participa o brasileiro foi liderado por Agustín Sánchez-Lavega, da Universidade do País Basco, na Espanha, e traz observações e modelos que ajudam a entender os mecanismos que produzem os GWS. A convecção do ar quente e úmido injeta na troposfera superior partículas congeladas de amônia, dando origem a ventos com velocidade de vários metros por segundo. Ainda resta muito a compreender, mas a parceria entre especialistas e amadores, reunindo equipamentos sofisticados, teorias complexas e uma infinidade de observações, deve continuar a render frutos.
Para Carvalho, a brincadeira começou em 1995 quando ele, com uma câmera comum e um tripé, passou a registrar, junto com um colega de escola, o rastro dos satélites artificiais no céu. Na época, descobriu que também poderia fotografar planetas. “Eles são mais dinâmicos, cheios de eventos que mudam com o tempo, como essas tempestades magnéticas”, conta. Assim, qualquer pessoa pode obter essas imagens utilizando um telescópio comum com uma câmera acoplada. Carvalho usa um aparelho feito artesanalmente com cerca de 1,80 metro de altura e uma webcam no visor: “Ele possibilita uma imagem mais nítida. Tem abertura de 10 polegadas – cerca de 25 centímetros – maior do que os vendidos em lojas comuns com, no máximo, 6 centímetros de abertura”.
Sem pretensão, Carvalho passou a enviar suas fotografias para o banco internacional de imagens da Associação de Observadores Lunares e Planetários (Association of Lunar and Planetary Observers, ALPO). Lá, o trabalho do brasileiro se destacou. Um grupo de astrônomos amadores o convidou para participar de uma rede fechada de observações planetárias formada por, aproximadamente, 20 pessoas do mundo todo e acessada por pesquisadores ligados ao telescópio espacial Hubble. “Como os astrônomos profissionais possuem pouco tempo para usar o Hubble, eles estudam os corpos celestes por meio de nossas imagens, que são equivalentes àquelas feitas pelos primeiros satélites artificiais”, afirma Carvalho. “No caso dos planetas é ainda mais complicado para os cientistas porque esses corpos celestes se aproximam da Terra apenas em determinada época do ano (no caso de Saturno de março até abril)”, completa. Quando sua fotografia é usada em um artigo, o autor da imagem recebe o crédito. Esse foi o caso do Carvalho, que continuará percorrendo os 450 quilômetros entre São Paulo e Assis, no oeste do estado, onde está seu telescópio, para captar momentos únicos dos astros no céu.
Com 32 anos, ele está no segundo ano do curso de aviação civil da Universidade Anhembi Morumbi, e ministra cursos de fotografia astrofísica. Carvalho foi informado sobre sua participação no artigo pela reportagem de Pesquisa FAPESP On-line. “É uma satisfação pessoal saber que nossa fotografia é usada para a evolução do conhecimento humano”, disse o astrônomo amador, que prefere levar a astrofotografia como passatempo. “Faço isso por prazer, se trabalhasse profissionalmente na área não teria o mesmo gosto”, explica. Sem intenção de mudar o mundo, é a segunda vez que Carvalho vê seu nome citado na Nature entre os autores. A primeira vez foi graças à observação de outro planeta, Júpiter, em 2008.
Os resultados apresentados pelos dois trabalhos mostram grande atividade na nuvem branca. São fortes tempestades, com descargas elétricas praticamente constantes, alimentadas por calor e umidade que sobem das camadas mais baixas da atmosfera de Saturno. O artigo de que participa o brasileiro foi liderado por Agustín Sánchez-Lavega, da Universidade do País Basco, na Espanha, e traz observações e modelos que ajudam a entender os mecanismos que produzem os GWS. A convecção do ar quente e úmido injeta na troposfera superior partículas congeladas de amônia, dando origem a ventos com velocidade de vários metros por segundo. Ainda resta muito a compreender, mas a parceria entre especialistas e amadores, reunindo equipamentos sofisticados, teorias complexas e uma infinidade de observações, deve continuar a render frutos.
Para Carvalho, a brincadeira começou em 1995 quando ele, com uma câmera comum e um tripé, passou a registrar, junto com um colega de escola, o rastro dos satélites artificiais no céu. Na época, descobriu que também poderia fotografar planetas. “Eles são mais dinâmicos, cheios de eventos que mudam com o tempo, como essas tempestades magnéticas”, conta. Assim, qualquer pessoa pode obter essas imagens utilizando um telescópio comum com uma câmera acoplada. Carvalho usa um aparelho feito artesanalmente com cerca de 1,80 metro de altura e uma webcam no visor: “Ele possibilita uma imagem mais nítida. Tem abertura de 10 polegadas – cerca de 25 centímetros – maior do que os vendidos em lojas comuns com, no máximo, 6 centímetros de abertura”.
Sem pretensão, Carvalho passou a enviar suas fotografias para o banco internacional de imagens da Associação de Observadores Lunares e Planetários (Association of Lunar and Planetary Observers, ALPO). Lá, o trabalho do brasileiro se destacou. Um grupo de astrônomos amadores o convidou para participar de uma rede fechada de observações planetárias formada por, aproximadamente, 20 pessoas do mundo todo e acessada por pesquisadores ligados ao telescópio espacial Hubble. “Como os astrônomos profissionais possuem pouco tempo para usar o Hubble, eles estudam os corpos celestes por meio de nossas imagens, que são equivalentes àquelas feitas pelos primeiros satélites artificiais”, afirma Carvalho. “No caso dos planetas é ainda mais complicado para os cientistas porque esses corpos celestes se aproximam da Terra apenas em determinada época do ano (no caso de Saturno de março até abril)”, completa. Quando sua fotografia é usada em um artigo, o autor da imagem recebe o crédito. Esse foi o caso do Carvalho, que continuará percorrendo os 450 quilômetros entre São Paulo e Assis, no oeste do estado, onde está seu telescópio, para captar momentos únicos dos astros no céu.
Com 32 anos, ele está no segundo ano do curso de aviação civil da Universidade Anhembi Morumbi, e ministra cursos de fotografia astrofísica. Carvalho foi informado sobre sua participação no artigo pela reportagem de Pesquisa FAPESP On-line. “É uma satisfação pessoal saber que nossa fotografia é usada para a evolução do conhecimento humano”, disse o astrônomo amador, que prefere levar a astrofotografia como passatempo. “Faço isso por prazer, se trabalhasse profissionalmente na área não teria o mesmo gosto”, explica. Sem intenção de mudar o mundo, é a segunda vez que Carvalho vê seu nome citado na Nature entre os autores. A primeira vez foi graças à observação de outro planeta, Júpiter, em 2008.
fonte: Revista Pesquisa FAPESP
acho que os astronomos de timóteo e do astronomia no vale do aço podem um dia obter imagens comoe ssa e colaborar na pesquisa de grupos internacionais!!!
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