O clima da Terra está mudando
rapidamente. Sabemos isso por bilhões de observações, documentadas em milhares
de artigos em revistas e textos, e resumida a poucos anos pelo Painel Intergovernamental das Nações Unidas
sobre Mudança do Clima. A principal causa apontada para essa mudança é a liberação de
dióxido de carbono da queima de carvão, petróleo e gás natural.
Diálogos sobre o clima, que ocorreram em Lima no final do ano passado, lançaram as bases para a reunião da cúpula da ONU sobre o clima, que acontecerá em Paris. Embora as negociações sobre a redução das
emissões sigam adiante, quanto aquecimento nós já bloqueamos? Se pararmos de
emitir gases de efeito estufa amanhã, por que a temperatura continuaria a
subir?
Noções básicas de carbono e clima
O dióxido de carbono que se acumula na atmosfera protege a superfície da Terra. É como uma manta térmica que mantém o calor. Esta energia aumenta a temperatura média da superfície da Terra, aquece os oceanos e derrete o gelo polar. Como consequências, elevação do nível do mar e mudanças climáticas.
O dióxido de carbono que se acumula na atmosfera protege a superfície da Terra. É como uma manta térmica que mantém o calor. Esta energia aumenta a temperatura média da superfície da Terra, aquece os oceanos e derrete o gelo polar. Como consequências, elevação do nível do mar e mudanças climáticas.
Desde 1880, após as emissões de
dióxido de carbono que decolaram com a Revolução Industrial, a temperatura
média global aumentou cerca de 1.5 f (0.85 ºC). Cada uma das três últimas
décadas tem sido mais quente do que nas décadas anteriores, bem como mais
quente do que todo o século anterior.
O Ártico está aquecendo mais
rápido do que a temperatura média global; o gelo no Oceano Ártico está
derretendo e o permafrost (um tipo de solo congelado formado na região do
Ártico) está derretendo. Os mantos de gelo no Ártico e da Antártida estão
derretendo. Ecossistemas em terra e no mar estão mudando. As alterações
observadas são coerentes e consistentes com a nossa compreensão teórica do
balanço energético da Terra e simulações de modelos que são usados para compreender
a variabilidade passada e para nos ajudar a pensar no futuro.
Uma rachadura na “Pine Island
Glacier” da Antártida. Crédito: NASA
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Pisar no freio do
clima
O que aconteceria com o clima se
parássemos de emitir dióxido de carbono hoje? Vamos voltar para o clima dos
nossos idosos? A resposta simples é não. Uma vez que liberar o dióxido de
carbono armazenado nos combustíveis fósseis que queimamos, ele se acumula e se
move entre a atmosfera, os oceanos, a terra, e as plantas e os animais da
biosfera. O dióxido de carbono libertado irá permanecer na atmosfera durante
milhares de anos. Só depois de muitos milênios ele retorna para rochas, por
exemplo, através da formação de carbonato de cálcio - calcário - como conchas
dos organismos marinhos que se depositam no fundo do oceano. Mas em intervalos
de tempo relevante para os seres humanos, uma vez liberado o dióxido de carbono
está em nosso ambiente essencialmente para sempre. Ele não vai embora, a não
ser que nós mesmos o removamos.
Se pararmos a emissão hoje, não é
o fim da história para o aquecimento global. Há um atraso no aumento da
temperatura, já que o clima alcança todo o carbono que está na atmosfera. Depois de
talvez mais de 40 anos, o clima vai se estabilizar em uma temperatura mais
elevada do que o que era normal para as gerações anteriores.
Este atraso de décadas entre
causa e efeito é devido ao longo tempo necessário para aquecer a massa enorme
do oceano. A energia que é mantida na Terra pelo aumento do dióxido de
carbono faz mais do que só aquecer o ar. Ela derrete gelo; aquece o oceano. Em
comparação com o ar, é mais difícil para elevar a temperatura da água - isso
leva tempo, décadas. No entanto, uma vez que a temperatura do oceano é elevada,
contribui para o aquecimento da superfície da Terra.
Assim, mesmo que as emissões de
carbono parem completamente agora, uma vez que os oceanos se regulam com a atmosfera, a temperatura da Terra aumentaria ainda cerca de um outro 1.1f (0.6C). Os cientistas
se referem a isso como "aquecimento comprometido". O gelo, também respondendo ao
aumento de calor no oceano, vai continuar a derreter. Já há evidências convincentes de que geleiras significativas nos lençóis de gelo da Antártida Ocidental estão
perdidas. Gelo, água e ar - o calor extra mantido na Terra pelo dióxido de
carbono afeta a todos eles. Aquilo que derreteu ficará derretido - e ainda mais irá derreter.
Ecossistemas são alterados por
ocorrências naturais e provocadas pelo homem. Caso se recuperam, será para um clima diferente daquele a partir do qual evoluíram. O clima durante sua recuperação não
será estável; ele vai continuar a aquecer. Não haverá nenhum novo normal, apenas
mais mudanças.
O vídeo a seguir
feito pela NASA representa a perda de gelo glacial sobre a Groenlândia e a
Antártida 2003-2010:
Melhor dos piores
cenários possíveis
Em todo o caso, não é possível
parar de emitir dióxido de carbono hoje, agora. Apesar dos avanços
significativos em fontes de energia renováveis, a demanda total por energia
acelera e as emissões de dióxido de carbono aumentam. Um relatório de 2011 da
Agência Internacional de Energia afirma que se não tirarmos mudarmos nossa trajetória atual, então estamos caminhando para um planeta cerca de 10 vezes mais quente do que seu estado atual, em que as mudanças observadas já são perturbadoras.
Há muitas razões que apontam para a necessidade de eliminar nossas emissões de dióxido de carbono. O clima está
mudando rapidamente. Se esse ritmo for desacelerado, as questões naturais e dos
seres humanos poderão ser ajustadas mais rapidamente. As demais mudanças,
incluindo o aumento do nível do mar, poderão ser minimizadas. Quanto mais nos distanciamos do clima que um dia conhecemos, menos confiáveis se tornam nossos métodos, e cada vez se torna menos provável que consigamos nos preparar. Quanto mais quente o planenta se torna, mais provável se torna a possibilidade de que dióxido de carbono e metano, outros gases de efeito estufa, sejam liberados de seu "reservatório" no permafrost do Ártico - um tipo de solo presente na região, constituído por terra, gelo e rochas permanentemente congelados -, aumentando ainda mais o problema do aquecimento global.
Se pararmos nossas emissões de hoje, não vamos voltar ao passado. Esta não é a razão, no entanto, para continuar com as emissões desenfreadas. Somos criaturas adaptáveis, com conhecimento credível do futuro do nosso clima e de como podemos moldar esse futuro. Já nos está garantida uma certa quantidade de mudanças climáticas neste momento. Ao invés de tentar recuperar o passado, temos de nos focar em pensar nos melhores futuros possíveis.
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Nota do editor:
Se pararmos nossas emissões de hoje, não vamos voltar ao passado. Esta não é a razão, no entanto, para continuar com as emissões desenfreadas. Somos criaturas adaptáveis, com conhecimento credível do futuro do nosso clima e de como podemos moldar esse futuro. Já nos está garantida uma certa quantidade de mudanças climáticas neste momento. Ao invés de tentar recuperar o passado, temos de nos focar em pensar nos melhores futuros possíveis.
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Nota do editor:
Texto adaptado do site IFL Science. Nem sempre há um consenso sobre esse assunto. Muitas hipóteses são levantadas a todo momento, mas cremos que esta, aqui apresentada, tem suficiente embasamento científico para ser considerada.
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