13 de abr. de 2015

Os anéis de Chariklo

Os anéis mais famosos do Sistema Solar são, sem sombra de dúvidas, os anéis de Saturno, nosso gigante gasoso. Mas, o fenômeno ocorre também em três outros planetas: Júpiter, Netuno e Urano. Esses quatro compõem o grupo de maiores corpos celestes a orbitar o Sol. 

Acreditava-se, até pouco tempo atrás, que apenas planetas como esses, de grande porte, fossem privilegiados com anéis. Mas uma pesquisa liderada pelo astrônomo brasileiro Felipe Braga Ribas, do Observatório Nacional do Rio de Janeiro, mudou tudo.

O estudo, publicado na conceituada revista científica Nature*, revelou que o asteróide Chariklo, um pequeno corpo orbitando entre Saturno e Urano, nos confins do Sistema Solar e com apenas 250km de diâmetro, contém um sistema de anéis ao seu redor.

Comparação entre Chariklo, Plutão e a Lua, baseada na média de raio. / Wikipedia
"Os astrônomos sabiam que, no dia 3 de junho de 2013, Chariklo passaria em frente à estrela UCAC4 248-108672, uma estrela distante. O fenômeno foi acompanhado a partir de sete diferentes observatórios. Durante o eclipse, os astrônomos poderiam observar a silhueta do asteroide com mais cuidado. O método é utilizado com frequência, e já foi usado no estudo de outros dez asteroides do Sistema Solar. Os resultados de Chariklo, no entanto, surpreenderam. O brilho da estrela foi bloqueado em dois momentos inesperados – instantes antes e instantes depois da passagem do asteroide. Era um sinal de que Chariklo não estava sozinho. “Nós não estávamos procurando por anéis, e não achávamos que corpos tão pequenos quanto Chariklo tivessem anéis. Por isso  essa descoberta – e a imensa quantidade de detalhes que conseguimos observar no sistema – foram uma grande surpresa”, declarou Ribas.

Os anéis ainda explicam um fenômeno observado quando da descoberta do asteroide, em 1997. Quando avistado pela primeira vez, ele era um corpo brilhante, cuja luminosidade diminuiu até ressurgir em 2008. Isso aconteceu porque seus anéis, formados em grande parte por água congelada, refletem a luz como grandes espelhos. Entre 1997 e 2008, no entanto, a superfície refletora ficou voltada na direção oposta à Terra.

Ainda não se sabe como os anéis de Chariklo se formaram. Os cientistas acreditam que eles sejam o resultado de destroços liberados após colisões e presos em torno do asteroide pela força da gravidade. Há a possibilidade, ainda, de que os anéis se mantenham coesos pela força de dois satélites: “Além dos anéis, é provável que Chariklo tenha ao menos uma pequena lua esperando para ser descoberta”, disse Ribas." -- [Revista Época]
Impressão artísitica de Chariklo com seus anéis. / Wikipedia
Segundo o ESO, "os anéis poderão mais tarde dar origem à formação de um pequeno satélite. Tal sequência de eventos, a uma escala muito maior, pode explicar a formação da nossa própria Lua nos primeiros dias do Sistema Solar, assim como a origem de muitos outros satélites em órbita de planetas e asteróides. Os líderes do projeto deram aos anéis os nomes informais de Oiapoque e Chuí, dois rios que se encontram próximos dos extremos norte e sul do Brasil, respectivamente". 

Ainda há muito para se descobrir sobre Chariklo e tudo o mais que o universo abriga. Mas é muito bacana saber que os brasileiros também têm dado sua contribuição e têm ganhado representatividade nessa corrida da exploração espacial. 

Para nós, amadores, resta ficar na torcida para que a tecnologia continue sendo aprimorada, as pesquisas científicas continuem a todo vapor e as informações continuem chegando até nós! Tem sido, com certeza, um tempo muito produtivo para a Astronomia! 

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Este post foi feito por sugestão do colaborador do Astronomia no Vale do Aço, Gilberto Farias. Obrigada, Gilberto! 

Fontes: 
-Wikipedia
-Revista Época
-ESO
-Nature [*“A ring system detected around the Centaur (10199) Chariklo”, de F. Braga-Ribas et al., publicado online em 26 de março de 2014]


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