10 de jul. de 2015

Interferência da radiação ultravioleta no surgimento da vida em outros planetas

A formação de moléculas complexas para o início da vida na Terra usou energia da radiação ultravioleta (UV), que bombardeava o nosso planeta ainda sem camada de ozônio. Mas, dependendo da intensidade, a radiação UV pode ajudar ou ser prejudicial para a origem da vida. 

Ilustração de um planeta como a Terra antes da vida ou uma camada de ozônio.

Cada vez mais os astrônomos estão focados em encontrar um planeta com condições para abrigar vida como conhecemos. Uma publicação no The Astrophysical Journal, apresentou uma modelagem planetária computacional que examina a interferência da radiação UV a partir de diferentes tipos de estrelas e as chances de vida em planetas não muito longe daqui. 

Com o constante avanço tecnológico nos telescópios e a próxima geração de missões, cientistas da pesquisa realizada na Universidade de Cornell nos Estados Unidos, acreditam que veremos todos os tipos de planetas extrassolares em todos os estágios da evolução. Pensando nas próximas descobertas, esse estudo se baseou em 4 modelos parecidos com diversas épocas do nosso planeta. 

O primeiro modelo escolhido foi um mundo sem vida, semelhante aos primórdios da Terra, com uma atmosfera dominada pelo dióxido de carbono a cerca de 3,9 milhões de anos atrás. O segundo retrata um planeta experimentando o primeiro oxigênio atmosférico e o processo de biossíntese a 2 bilhões de anos. Um outro modelo é semelhante ao início da vida multicelular a cerca de 800 milhões de anos atrás, onde o oxigênio era cerca de 10 por cento do nível atual. Por último, um mundo semelhante ao nosso planeta atualmente. 

A modelagem é muito mais complexa do que simplesmente expor um planeta a uma quantia fixa de radiação. Não é apenas a intensidade da radiação UV que tem impacto biológico, mas deve levar em conta também o comprimento de onda. 

Para o desenvolvimento do modelo, os cientistas consideraram somente estrelas da faixa espectral do tipo F ao tipo M (estrelas mais frias), descartando as estrelas mais quentes, uma vez que queimam rapidamente não contribuindo para a evolução da vida multicelular. 

Tabela com temperatura média superficial das estrelas de acordo com a Classificação Estrelar.

O estudo mostrou que as estrelas frias encontradas recentemente produzem menos radiação que afeta formas de vida. Nos modelos computacionais, a medida que os níveis de oxigênio aumentava, menos radiação UV atingia o solo a partir de estrelas mais quentes. Isso porque esses planetas tinham uma densa camada de ozônio.  

Os autores concluíram que, antes da vida surgir, um planeta semelhante à Terra, orbitando a estrela mais brilhante do modelo, receberia 6 vezes a radiação biologicamente eficaz, como no início do Sol e 3.520 vezes os níveis de UV do sistema Sol-Terra atual. Já um planeta que orbita uma anã vermelha recebeu 300 vezes menos radiação biologicamente eficaz e cerca de 2 vezes os níveis do Sol-Terra atual, mesmo antes do surgimento de vida e da camada de ozônio. 

Esse estudo é fundamental para identificarmos os possíveis planetas que podem abrigar vida, analisando não somente o planeta isolado, mas todo o sistema em que esta envolvido. 



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