Marlilene Silva Gomes
Estudante do 3º ano do curso técnico integrado de Edificações
CEFET-MG, campus Timóteo
Há cerca de 4,6 bilhões de anos
uma grande nuvem composta de gás e poeira cósmica começou a se contrair devido
à força da gravidade. Com o colapso desta nuvem, começou a concentração de
matéria que deu origem ao Sistema Solar. No início, não existiam o Sol nem os planetas,
mas apenas uma concentração de massa que era orbitada por um disco de matéria,
que estava se estruturando em anéis. Com o passar do tempo, o Sol foi se
formando através da evolução da massa que estava concentrada no centro e os
planetas foram se formando através das colisões entre a matéria existente nos
anéis do disco. Apenas o anel que fica entre as órbitas de Marte e Júpiter não
deu origem a um planeta, resultando no denominado Cinturão de Asteroides.
O Sistema Solar é composto pelo Sol, oito planetas [1], seus satélites naturais, asteroides e cometas. Com exceção de Mercúrio e Vênus, os outros planetas apresentam satélites naturais, como a Lua no caso da Terra. Alguns como Júpiter e Saturno apresentam mais de 60 satélites. O Sistema Solar está localizado na periferia da nossa galáxia, a Via Láctea (Fig. 1). Com suas centenas de bilhões de estrelas, nossa galáxia é apenas mais uma dentre as centenas de bilhões de galáxias que viajam pelo universo.
Figura 1:
Galáxia Via Láctea e a localização do Sistema Solar. Fonte: http://www.apolo11.com/via_lactea.php. Acessado em: 27/06/12.
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Conforme
a 1a Lei de Kepler, os planetas descrevem órbitas elípticas com o
Sol ocupando um dos focos. Em ordem crescente de distância média ao Sol (Fig.
2), têm-se Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
Figura 2:
Planetas em ordem crescente de distância ao Sol. Fonte: http://www.emefnewtonreis.kit.net/sistemasolar.htm. Acessado em: 27/06/12.
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Apesar das trajetórias dos planetas
serem elípticas, essas trajetórias podem ser consideradas aproximadamente
circulares. Por isso, com boa aproximação, chamaremos a distância média do
planeta ao Sol de raio da órbita. O período dos planetas e os respectivos raios
de suas órbitas obedecem a 3ª Lei de
Kepler, também chamada Lei dos períodos.
A 3ª
Lei de Kepler afirma que: “Os quadrados dos períodos de revolução dos planetas
são proporcionais aos cubos dos raios de suas órbitas.”[2]. Considerando
uma órbita circular, pode-se demonstrar a terceira Lei de Kepler a partir das
Leis de Newton. Por exemplo, considerando um planeta qualquer em torno do Sol
(Fig. 3), a força gravitacional (FG) fará o papel da força
centrípeta (FC).
Figura 3:
Órbita da Terra. Seu raio é aproximadamente igual a 150 milhões de km. Esta
figura está muito exagerada, pois, como já foi dito, as órbitas dos planetas são aproximadamente
circulares.
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Pela lei da atração gravitacional
de Newton, sabemos que a força existente entre o Sol e o planeta é dada pela
seguinte expressão:
Cancelando a massa “m” antes e depois da igualdade e multiplicando
os dois lados da equação por “r²”:
Então, tem-se:
Assim tem-se, finalmente, a terceira Lei de Kepler: T²/r³ = K (constante).
Esta lei diz que quanto mais distante
o planeta estiver do Sol, maior será o tempo que ele levará para completar uma
volta em torno do Sol, conforme mostra a tabela a seguir.
Planetas
|
Raio da órbita*
|
Raio da órbita
em UA**
|
Períodos em anos terrestres
|
Terra
|
149,6
|
1,000
|
1,000
|
Mercúrio
|
57,9
|
0,387
|
0,241
|
Vênus
|
108,2
|
0,723
|
0,615
|
Marte
|
227,9
|
1,523
|
1,882
|
Júpiter
|
778,4
|
5,203
|
11,870
|
Saturno
|
1.423,60
|
9, 512
|
29,458
|
Urano
|
2.870,90
|
19,191
|
84,100
|
Netuno
|
4.497,50
|
30,064
|
164,790
|
* Distância em milhões de
quilômetros. ** Unidade Astronômica (UA): toma-se como referência a
distância da Terra ao Sol (149.597.870km).
Tabela 1: Relação entre os períodos dos planetas e as distâncias médias ao Sol.
Tabela 1: Relação entre os períodos dos planetas e as distâncias médias ao Sol.
Conforme se pode observar na tabela acima, como Mercúrio está mais
próximo do Sol, seu período é muito menor do que o de Netuno, que está a aproximadamente
30 UA do Sol.
De toda a massa que compõe o
Sistema Solar, o Sol possui mais de 99,8%, Júpiter possui 0,1% e o restante é
constituído pelos demais planetas e pelos outros corpos celestes. Entre os
planetas, existe o meio interplanetário, composto por poeiras e gases, os quais
são compostos por partículas sólidas microscópicas e um fluxo de gás de
partículas carregadas decorrente dos ventos solares. Além disso, também existe
o Cinturão de Asteroides, que orbita o Sol no espaço entre Marte e Júpiter.
Para
se visualizar uma comparação do tamanho do Sol em relação aos planetas, podemos
fazer uma mudança de escala. Se o Sol tivesse 80 centímetros de diâmetro, os
planetas teriam os seguintes tamanhos e as respectivas distâncias médias ao Sol [3]:
Sol = 80 cm
|
||
Planeta
|
Diâmetro
(mm)
|
Distância
ao Sol (m)
|
Mercúrio
|
2,90
|
33,20
|
Vênus
|
7,00
|
62,10
|
Terra
|
7,30
|
86,00
|
Marte
|
3,90
|
131,00
|
Júpiter
|
82,10
|
447,10
|
Saturno
|
69,00
|
821,80
|
Urano
|
29,20
|
1649,40
|
Netuno
|
27,90
|
2586,20
|
Tabela 2:
Sistema solar em escala.
Percebe-se que o Sol é
aproximadamente nove vezes maior que Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar,
e 110 vezes maior que a Terra. Também é possível notar que se o Sol tivesse um
metro de diâmetro, a Terra teria aproximadamente um centímetro de diâmetro e a
distância entre eles seria próxima do comprimento maior de um campo de futebol.
Pode-se comparar também a distância
dos planetas ao Sol e suas respectivas equivalências ao diâmetro terrestre, que
é aproximadamente igual a 12.726 km.
Órbitas
|
|||
Quantos diâmetros terrestres equivalem à
distância do planeta ao Sol?
|
|||
Planeta
|
Distância*
|
Equivalência (diâmetros terrestres)**
|
UA
|
Terra
|
149,6
|
11.755,50
|
1,000
|
Mercúrio
|
57,9
|
4.549,70
|
0,387
|
Vênus
|
108,2
|
8.502,30
|
0,723
|
Marte
|
227,9
|
17.908,00
|
1,523
|
Júpiter
|
778,4
|
61.166,10
|
5,203
|
Saturno
|
1.423,6
|
111.865,50
|
9,512
|
Urano
|
2.870,9
|
225.593,30
|
19,191
|
Netuno
|
4.497,5
|
353.371,05
|
30,064
|
* Distância
em milhões de quilômetros. ** Diâmetro da Terra: 12.726 km.
Tabela 3: Distância dos planetas ao Sol em diâmetros terrestre.
Tabela 3: Distância dos planetas ao Sol em diâmetros terrestre.
Com estes dados podemos comparar nosso Sistema
Solar com um átomo de hidrogênio (H). Imagine a seguinte curiosidade: Se ampliarmos o átomo de Hidrogênio até que seu núcleo fique do tamanho
do Sol, onde ficaria o seu elétron? Ele estaria, comparativamente, perto da
órbita de qual planeta? Ao receber essa pergunta do astrônomo amador Paulo
Cézar, o prof. Fábio Rodrigues (CEFET-MG) fez as contas. Segundo o professor, “o
elétron ficaria a uma distância do núcleo equivalente a 7,4 vezes a distância
do Sol até Plutão! Ou seja, proporcionalmente falando, o primeiro elétron de um
átomo está extremamente longe do seu núcleo. A comparação é muito intrigante
porque revela a enorme quantidade de espaço vazio em um átomo.
Consequentemente, damo-nos conta do quão fragmentada é a matéria. Só não
percebemos isso no dia a dia, devido ao tamanho absolutamente diminuto de um
átomo.” [4].
Desde a antiguidade, os
astrônomos perceberam que alguns astros se moviam em relação às estrelas. Então
eles passaram a chamar estes astros de planetas, já que esta palavra de origem grega
significa errante. Assim os planetas são astros com movimentos errantes. Já a origem
dos nomes dos planetas está relacionada à mitologia Greco-Romana, sendo:
Mercúrio - o mensageiro dos deuses; Vênus - a deusa do amor; Terra - o nome da
deusa romana esposa de Céu; Marte - o deus da guerra; Júpiter - o deus dos
deuses; Saturno - o deus da agricultura; Urano - o deus dos céus; e Netuno - o deus
dos mares.
Podem-se
dividir os planetas em dois grupos, os planetas Terrestres e os planetas Jovianos.
Eles estão separados pelo cinturão de asteroides, que está situado entre as órbitas
de Marte e Júpiter. Os planetas Terrestres são Mercúrio, Vênus, Terra e Marte;
estes são pequenos, com pouca massa, compostos de elementos pesados e possuem a
superfície sólida. Estão mais próximos do Sol e não possuem anéis. Já os
planetas Jovianos são Júpiter, Saturno, Urano e Netuno; estes são gigantes em
relação aos planetas Terrestres (ver tabela abaixo), são formados praticamente
por hidrogênio e hélio, sendo assim planetas gasosos com pouca densidade. Bem
mais distantes do Sol, eles possuem anéis e vários satélites.
Diâmetros dos planetas em relação ao diâmetro da
Terra
|
|||
Planeta
|
Diâmetro (km)
|
Diâmetro (diâmetro terrestre)
|
|
Terra
|
12.726
|
1,000
|
|
Mercúrio
|
4.879
|
0,383
|
|
Vênus
|
12.103
|
0,951
|
|
Marte
|
6.780
|
0,533
|
|
Júpiter
|
142.984
|
11,236
|
|
Saturno
|
120.536
|
9,472
|
|
Urano
|
51.118
|
4,017
|
|
Netuno
|
49.528
|
3,892
|
Mercúrio (Fig. 4), o mensageiro
dos deuses na mitologia greco-romana, recebeu este nome por ser o mais rápido
dos planetas visto da Terra. Sendo o mais próximo do Sol, este planeta
apresenta uma atmosfera praticamente nula. Devido a isso o céu de
Mercúrio é sempre negro, já que a atmosfera existente não consegue espelhar a
luz solar recebida.
Figura 4:
Mercúrio. Fonte: http://www.apolo11.com/tema_astronomia_mercurio.php. Acesso em: 30/04/12.
|
Ao contrário do que se pode imaginar, Mercúrio não é o planeta mais quente,
mas sim Vênus (Fig. 5), por ser envolvido por grandes nuvens de gases. Sua
densa atmosfera prende em seu interior grande quantidade de calor provindo do
Sol. Além disso, as nuvens de gases contêm gotículas de ácido sulfúrico que impedem
a visão do seu interior. Vênus é o único planeta cujo período de rotação (seu
dia), aproximadamente igual a 243 dias terrestres, supera seu período de
translação (seu ano), que equivale a 224 dias terrestres. Ou seja, o dia de
Vênus tem maior duração do que seu ano.
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Graças a sua temperatura média em torno dos 22 graus centígrados na superfície,
a Terra (Fig. 6) é o único dos planetas que possui água no estado líquido, o
que possibilita também a existência da vida. Seu satélite natural, a Lua, originou-se
do choque de um objeto grande com a Terra. A força gravitacional entre a Lua e
a Terra é a mesma que causa nos mares e oceanos o fenômeno conhecido como maré.
Figura 6:
Terra. Fonte: http://www.cdcc.usp.br/cda/aprendendo-basico/sistema-solar/Slide15-terra.jpg. Acessado em: 13/07/2012.
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Marte, também chamado de Planeta Vermelho, é o planeta que mais mexe com
a imaginação das pessoas, já que era considerado um dos principais planetas com
chances de abrigar vida extraterrestre (Fig.7). Porém, essa hipótese não foi
confirmada até hoje. Várias sondas já foram enviadas para Marte, sendo a
primeira Mariner 4, em 1995, seguida das duas sondas Viking, em 1976. Estas
sondas foram enviadas com o objetivo de estudar a superfície do planeta.
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A coloração avermelhada de Marte se deve
à grande quantidade de substâncias de óxido de ferro. Estudos também comprovaram
que no polo norte do planeta existe água congelada (Fig. 8). Já no polo sul, a
maior parte do gelo é formada por dióxido de carbono congelado.
Figura
8: Polo Norte de Marte. Fonte: http://www.if.ufrgs.br/ast/solar/portug/mars.htm.
Acessado em: 27/06/12.
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O maior planeta do Sistema Solar, Júpiter (Fig. 9),
é um gigante gasoso de tamanho não muito menor do que certas estrelas. Possui mais
de 60 satélites, sendo os mais importantes Calisto, Europa,
Ganimedes e Io; chamados de satélites Galileanos por
terem sido observados por Galileu entre 1609 e 1610 (Fig.9). Ao contrário de
Saturno, famoso pelos seus brilhantes anéis, Júpiter possui ao seu redor um
anel bastante fino e escuro, não sendo possível a sua observação com os
telescópios usuais.
Figura 9: Júpiter e seus satélites. Fonte: www.discoverybrasil.uol.com.br. |
O segundo maior planeta de nosso
Sistema Solar, perdendo apenas para Júpiter, Saturno é o único planeta em que
se podem observar os anéis através dos telescópios usuais (Fig.10). Com uma
luneta extremamente simples, seus anéis quase foram observados por Galileu no
século XVII [5].
Devido a sua rápida rotação e seu peso leve para seu tamanho, Saturno se
apresenta achatado nos polos. O planeta possui ao seu redor vários satélites,
sendo Titã o mais conhecido.
Figura
10: Saturno. Fonte: http://www.apolo11.com/tema_astronomia_saturno.php. Acessado
em: 30/04/12.
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Urano, pai de Saturno e avô de Júpiter na
mitologia Greco-Romana, apresenta uma coloração azul esverdeada devido à presença
de hidrogênio e metano em sua atmosfera. Por possuir uma grande inclinação em
seu eixo de rotação, sendo quase paralelos ao seu plano orbital, os polos de
Urano se aquecem mais do que sua região equatorial. Além disso, por causa de
sua grande inclinação, os seus anéis podem ser observados de frente (Fig. 11).
Figura 11: Urano e
seus anéis.
Fonte: www.pgie.ufrgs.br/portalead/oei/solar/solar18.htm. Acessado em: 27/06/12. |
Netuno, o deus dos mares, recebeu este
nome por possuir uma coloração azulada como a dos mares e oceanos (Fig. 12).
Foi descoberto em 1846, em Berlim, por Johann Gottfried Galle. Para orbitar o
Sol ele leva 165 anos, tendo completado a sua primeira órbita no ano de 2011
desde que foi descoberto. Como todos os planetas Jovianos, Netuno também possui anéis.
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Com toda a sua complexidade e
beleza, a existência do nosso sistema só é possível graças ao campo
gravitacional solar. Apesar de o Sistema Solar ser relativamente velho, muito
pouco se sabe sobre ele ainda. Mesmo com o auxílio de toda a tecnologia que
existe atualmente, o homem ainda não é capaz de desvendar todos os mistérios do
Sistema Solar. Com os contínuos avanços científicos e tecnológicos, esperamos
sempre compreender um pouco mais de nosso sistema a cada dia.
[1] Em 2006 a União Internacional de Astronomia se reuniu e decidiu que, devido ao seu pequeno tamanho, Plutão não seria mais considerado um planeta.
[2] GUERRINI, Iria Müller. “O Movimento Gravitacional e as Leis de Kepler”. Disponível em: http://educar.sc.usp.br/sam/kepler_roteiro.html. Acesso em 31 jul. 2012.
[3] PAVÃO, Antônio Carlos (Coord). “Ciências: ensino fundamental”. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010. 212 p. il. (Coleção Explorando o Ensino; v. 18)
[4] RODRIGUES, Fábio. “E se o próton fosse do tamanho do Sol?” Disponível em: http://astronomianovaledoaco.blogspot.com.br/2011/02/e-se-o-proton-fosse-do-tamanho-do-sol.html. Acesso em 31 jul. 2012.
[5] DINIZ, Leonardo Gabriel. “Galileu Galilei: o mensageiro das estrelas”.Disponível em: http://www.astronomianovaledoaco.blogspot.com.br/2012/03/galileu-galilei-o-mensageiro-das.html. Acesso em: 31 jul. 2012.
Eu e meus amigos íamos fazer uma maquete em escala do sistema solar...
ResponderExcluirMais depois de ver esses dados acho que teremos que pensar em outra coisa he he.
Você pode fazer a maquete usando apenas uma das variáveis (distância em relação ao sol, massa ou tamanho do corpo celeste) como base de cálculo.
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